Outubro Rosa, uma conscientização que vale para o ano todo

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Muitas pessoas se preocupam com a beleza do corpo, a estética, a aparência. Mas, muito mais importante do que o lado de fora é cuidar do lado de dentro. Aqui no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), a previsão é que 2018 registre mais de 59.700 novos casos de câncer de mama, um tumor maligno que se desenvolve no interior das mamas quando as células do organismo desenvolvem características anormais e se multiplicam de maneira acelerada, atacando as células saudáveis do corpo. Este número representa um aumento de quase 3% sobre o número de casos registrados em 2018.

O aumento neste indicador acontece mesmo em um ambiente onde campanhas de conscientização do Outubro Rosa ganham força. Isto só reforça a importância de informar, esclarecer e compartilhar informações sobre o problema, que cada vez mais, começa a atacar mulheres mais jovens, graças à sua falta de cuidado e prevenção, visto que, por muitos anos, o câncer de mama era comum somente em mulheres mais velhas. Quanto mais cedo ele é descoberto, maiores são as chances de cura, podendo chegar a até 95%. Levantar a bandeira da consciência é fundamental.

Mas engana-se quem pensa que o câncer de mama atinge somente as mulheres. Em menor quantidade, os homens também estão propensos a desenvolver a doença, fazendo com que o Outubro Rosa uma a todos em uma só voz: prevenção é saúde. Este movimento surgiu nos anos 90, nos Estados Unidos, e tornou-se um marco da conscientização e compartilhamento de informações sobre o câncer, proporcionando mais acesso aos serviços de diagnóstico a fim de reduzir sua mortalidade.

O que causa o câncer de mama

Como grande parte das doenças que atacam o nosso organismo, é difícil prever como o câncer de mama irá surgir e se manifestar. Existem muitos fatores que influenciam, como idade, hereditariedade, fatores endócrinos, comportamentais e ambientais. O mais comum é que ele se desenvolva em mulheres acima dos 50 anos, mas casos onde pessoas abaixo de 40 anos são diagnosticadas são cada vez mais comuns. Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Inca indica fortes evidências entre o excesso de peso e o desenvolvimento do câncer de mama, pois carnes processadas e conservantes chegam ao estômago e transformam-se em substâncias cancerígenas, aumentando a possibilidade do surgimento da doença.

Com a correria do dia a dia, temos menos tempo para cuidar dos nossos alimentos, e a ingestão de fontes processadas contribui ativamente para o aumento de casos, mesmo com o crescimento das campanhas de conscientização. Como diversas doenças, o câncer de mama apresenta alguns indícios que podem ser facilmente identificados pela própria paciente, com:

  • Presença de um nódulo (caroço) fixo, endurecido e na maioria das vezes indolor;
  • Pele da mama avermelhada, retraída ou com aparência de casca de laranja;
  • Alterações nos mamilos;
  • Pequenos nódulos na região abaixo dos braços ou no pescoço;
  • Saída espontânea de líquidos dos mamilos.

Vale ressaltar que, mesmo o autoexame sendo muito importante para o descobrimento de qualquer doença, ele não substitui em hipótese alguma o diagnóstico médico, que deve ser solicitado assim que a paciente perceber qualquer alteração significativa em sua mama.

Sintomas

Nem todo sintoma indica que existe um câncer de mama: em alguns casos, podem ser sinais de alguma doença benigna da mama, como mastalgia (dor mamária) e fibroadenoma. Nestes casos, o autoexame é o primeiro passo, que deve ser complementado por um diagnóstico completo feito por um médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina. Dados do Núcleo de Pesquisa Epidemiológica da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA mostram que, em 62,2% dos casos, os primeiros indícios da doença foram percebidos pelas próprias mulheres, que identificaram alterações na região da mama, o que comprova e reforça importância do autoexame para a sua prevenção.

Prevenir é a melhor solução - autoexame

Veja como é simples e fácil fazer o autoexame:

  • Fique de pé em frente a um espelho, no banho, ou se preferir, deitada;
  • Observe o tamanho, forma e a cor das mamas;
  • Deixe os braços abaixados e depois levante-os, observando a região das mamas para qualquer movimentação anormal;
  • Levante um dos braços e coloque sua mão atrás da cabeça. Com o outro braço, apalpe cuidadosamente a mama do lado levantado com movimentos circulares. Faça isso em ambos os lados;
  • Aproveite também para pressionar, levemente, os mamilos, percebendo se acontece saída de algum líquido.

O diagnóstico final do câncer de mama, no entanto, exige mais alguns passos. Após a pessoa constatar alterações na região das mamas em um autoexame, é necessário um exame clínico e uma mamografia, para ter certeza do tamanho, localização e se o tumor é benigno ou maligno. Também podem ser realizados exames como ultrassom de mama e ressonância. A mamografia é um procedimento recomendado a mulheres de 50 a 69 anos e que deve ser realizado a cada dois anos. O diagnóstico de câncer de mama só é considerado conclusivo após a realização de uma biópsia da área analisada, quando pedaços do tumor são extraídos com o auxílio de agulhas em uma pequena cirurgia e verificados por um médico patologista.

Como são feitos o diagnóstico e o tratamento

Quando o diagnóstico é feito de maneira precoce, as chances de cura ultrapassam os 95%. Já nos casos onde existem evidências de metástases, fase que caracteriza o avanço da doença, com o tumor já espalhado para outras regiões e órgãos do corpo, o foco do tratamento visa prolongar e melhorar a qualidade de vida do paciente. Sendo assim, existem dois tipos de tratamentos:

  • Local, composto por uma cirurgia para a retirada do tumor, além de radioterapia. Após, caso seja de interesse da paciente, pode ser feita uma reconstrução mamária, que utiliza implantes de silicone, expansores cutâneos ou ainda transferência de retalhos de pele para reconstruir a forma dos seios. Este procedimento é importante pois, em muitos casos, a mulher pode ver sua autoestima muito prejudicada após perder uma das mamas, causando constrangimento e perda de bem-estar;
  • Sistêmico, que consiste em quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

Estágios do câncer de mama

Os estágios do câncer de mama dividem-se de acordo com o seu avanço:

  • Estágio 0: quando a doença é restrita ao local onde começou;
  • Estágios I e II: a doença já teve progressão, com tamanho máximo entre 2 cm e 5 cm. A cirurgia pode ser conservadora, retirando apenas o tumor do local, ou mais completa, com uma mastectomia, que retira completamente a mama afetada pela doença, seguida de uma reconstrução mamária. Após o procedimento cirúrgico, é recomendado à paciente participar de sessões de radioterapia;
  • Estágio III: a doença já teve progressão avançada, com tamanho acima de 5 cm. A modalidade inicial de tratamento é sistêmica, com quimioterapia, para impedir o avanço do tumor. O primeiro passo é provocar sua estabilização e, aí sim, dependendo da resposta da paciente, o tratamento prossegue com a realização de uma cirurgia, além de sessões de quimioterapia;
  • Estágio IV: a doença já se espalhou, atingindo outras regiões e órgãos do corpo, como os pulmões. Nesta fase de progressão do câncer de mama, é fundamental encontrar o equilíbrio entre a resposta tumoral e o possível prolongamento da sobrevida, considerando os potenciais efeitos colaterais do tratamento. A modalidade principal é a sistêmica, com o tratamento local sendo reservado para indicações restritas.

Tratamentos para o câncer de mama

Além do tratamento convencional, receber a notícia de possuir um câncer de mama pode abalar a autoestima, a qualidade de vida e o bem-estar, diminuindo a expectativa de vida e impactando diretamente a alegria e a vontade de viver da paciente. Por isso, além de realizar o tratamento convencional para buscar a cura da doença, é muito recomendado que as pacientes tenham um acompanhamento psicológico, pois será preciso muita força para entender, passar e superar esta difícil fase na vida de qualquer pessoa.

O INCA criou a cartilha Câncer de Mama: é preciso falar disso, que desmistifica alguns mitos e dá as primeiras orientações para pessoas interessadas em saber mais sobre a doença, sejam elas portadoras ou não. É importante que todos acessem e se inteirem sobre o assunto, pois todos estamos sujeitos ao surgimento da doença, assim como todos nós podemos conhecer alguém que precisará do nosso apoio para superar a doença. Em caso de dúvidas, você pode ligar para o Disque Saúde do Ministério da Saúde, pelo telefone 136.

Já aqui no Rio Grande do Sul, é possível entrar em contato com o Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (IMAMA), uma organização sem fins lucrativos que ajuda as pessoas a não passarem pelas mesmas dificuldades que as mulheres fundadoras do grupo tiveram, conscientizando e enfatizando a comunidade da importância da detecção precoce, além de promover a agilidade e qualidade em todos os processos da rede de atenção à saúde da mama.

Superação para uma nova vida

Como podemos perceber, as chances para se recuperar de um câncer de mama são muito altas quando a sua detecção é precoce. Isto mostra como campanhas de conscientização são mais do que uma data do calendário, mas um pilar fundamental para o tratamento e o conhecimento sobre a doença.

Todo mundo que passa por um câncer, seja em si mesmo ou na família, precisa voltar a ter confiança para viver em sociedade. Por isso, em casos de pacientes que superaram a doença, especialmente mulheres, o câncer afeta diretamente sua feminidade, com perda de cabelos em função da quimioterapia, além do risco de ter que ver sua mama removida. Felizmente, o avanço da medicina estética proporciona a estas mulheres um retorno à vida normal, com procedimentos e recursos que facilitam a aceitação pessoal. Para os cabelos, é comum que mulheres busquem por perucas, que hoje são até consideradas acessórios da moda, deixando de ser voltado apenas para a reabilitação de perda de cabelo. Modelos, cores, comprimentos, tons, perucas são verdadeiras formas de expressão, e ajudam muito na recuperação de pacientes.

Já a reconstrução física depende de procedimentos cirúrgicos, que devem ser realizados somente após a completa recuperação da paciente e, mais importante, apenas com profissionais especializados e qualificados para tal. Sendo assim, escolha sempre um cirurgião plástico devidamente habilitado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), seja para a realização deste ou de qualquer outro procedimento plástico. Veja aqui a lista de médicos habilitados. Tudo isso contribui para que as pacientes que superam esta doença consigam viver novamente com alegria, fazendo do câncer de mama um divisor de águas para uma vida ainda melhor.